sábado, 30 de janeiro de 2010

PARIS, JE T'AIME! (apesar de tudo)



É, Paris é mesmo surpreendente!!
Algumas surpresas são boas outras nem tanto. É uma das “nem tanto” que ainda está entalada na minha garganta feito espinha de peixe ruim (com espinha de peixe bom a gente só engasga elegantemente). Não pretendia chorar as pitangas aqui (nem meus 22 euros jogados pelo ralo), mas lá vai, meu dia azedou mesmo! Aliás, azeda mesmo era a cenoura da minha Salade végétarienne servida no restaurante Georges V em plena Champs-Elysées (sei,sei, é lugar pra turista deslumbrado e/ou desinformado; estava com fome, oras); acompanhavam a maldita cenoura, legumes (des)enlatados insossos, um abacate passado de dar dó, batatas cozidas sabe-se lá há quanto tempo, folhas verdes (verdes???), uma miséria de molho sem gosto e por aí vai... Não comi nada, claro! Reclamei. Ouvi o quê? Pfffff... É, os franceses resolvem um monte de assuntos com “pffffs”, uma espécie de muxoxo de desdém (dependendo da ocasião). Já me dei mal algumas vezes na capital francesa, mas confesso que esta foi “trop” para mim e se o nobre Georges V pudesse ver o que andam servindo no restaurante que leva seu nome, o coitado se suicidaria várias vezes ao dia. Um endereço a ser enterrado para sempre no calabouço da memória gustativa. Seja lá qual for o tamanho da sua fome, coma uma crêpe feita no quiosque da esquina, vai ser mais certeiro! Pffff...
Quem disse que quem ama não vê defeitos? Continuo tremendamente apaixonada por Paris; por seus cafés, bistrots, restaurantes e botecos espalhados pelos quatro quantos da cidade, comandados por gente caprichosa que zela pela reputação gastronômica da eterna e sedutora cidade luz.
Hoje não vou dar receita, vou dar uma meia-dúzia de bons endereços só pra compensar o desabafo. Confira quando tiver oportunidade e lembre-se: há sempre mais encantos do que se imagina, sufocados entre “grandes nomes” no país da haute-cuisine. Anote aí!
Bistrot Renaissance (19 rue René Boulanger), Ma Bicoque (na mesma rua), Le Gourbi (48 rue Albert Thomas), Chez Enzo (12 rue du Dragon), Au P’tit Cahoua (39 boulevard Saint Marcel) e um dos meus preferidos: Relais (61 rue Victor Hugo; longe pra dedéu mas vale a pena!). Cada um tem seu charme, sua especialidade, um algo a mais (ou a menos) e porque não o L’Entrecôte no encantador bairro de Saint-Germain-des-Prés, no coração parisiense, que serve um único prato (carne com molho de ervas e manteiga e batatas fritas pra acompanhar). A história desse molho é um mistério, mas fica pra uma outra ocasião.
Bon appétit!

DIAMANTES NA COZINHA


Presentes nas mais requintadas mesas, os cristais de diamantes de sal rosa são cristais de sal marinho fossilizados, puríssimos, formados há mais de 260 milhões de anos. São manualmente e muito delicadamente extraídos do coração das montanhas do Himalaia, nas minas de Khewra, no Paquistão.
Alexandre O Grande foi o primeiro, por volta de 350 a.C. a transportar este valioso sal da região de Cachemire até a Europa. Na Antiguidade, tal preciosidade era reservada apenas às divindades e aos imperadores.
Hoje, o mais simples mortal pode se dar a este luxo sagrado, uma dessas extravagâncias da vida que não dá pra ficar sem, uma benção, vai. A internet está aí pra isso. Faça chegar até você diamantes de sal cor-de-rosa, espalhe-os sobre a mesa durante a refeição com pequeninos raladores à disposição dos convidados e deixe que cada um lapide as pedras e salpique como preferir saladas, carnes, peixes, molhos... Sinta a leveza desse sal divino, seu frescor, sua delicadeza e sinta-se presenteado por Deus por esse alimento que permeia a nossa história.
Durante um longo período o sal foi considerado muito precioso para a conservação dos alimentos, era chamado de ouro branco. Gregos e Romanos utilizavam o sal como moeda de troca e com sal eram pagos, daí a origem da palavra salário.
Existem basicamente dois tipos de sal. O sal marinho, obtido através da evaporação da água do mar e o sal de rocha ou sal-gema que é extraído das minas subterrâneas que provém de mares e lagos antigos que secaram.
Considerado um dos melhores do mundo, o sel de Guérande, de produção artesanal, tem origem na cidade de Guérande, no oeste da França, banhada pelo Atlântico. Existem preparos deste sal para carnes, peixes, aves e massas de tirar o fôlego de qualquer cozinheiro. Um delírio!
Na ausência de diamantes de sal ou do sal de Guérande, faça o Peixe no sal grosso que você tem em casa mesmo, salpique criatividade na hora do preparo e pronto!
Use apenas sal grosso (o suficiente para cobrir o fundo de uma assadeira e o peixe), 1 peixe inteiro (mais ou menos 1,2kg e peça para o seu peixeiro retirar as escamas e limpar), salsinha, manjericão ou outra erva de sua preferência e limão siciliano em rodelas. Forre uma assadeira com uma camada de sal grosso, deite o peixe e rechei-o com as ervas e as rodelas de limão. Feche o peixe, cubra-o com o restante do sal grosso e uma folha de papel alumínio (para cozinhar sem desidratar). Leve ao forno alto por 40 minutos aproximadamente. Sirva com saladas, batatas cozidas ou o que sua vontade pedir.
Bon appétit!