quarta-feira, 13 de novembro de 2013

PARIS INSPIRA

Pode até parecer snob da minha parte, mas o que parece não me incomoda tanto, então lá vai: Paris me faz falta! Faz-me falta porque me inspira. Posso aguentar um ano (até dois, vai) sem respirar os ares da capital francesa, porém mais que isso, beira ao sacrifício, e sacrifícios, na minha idade, não faço mais. Paris pulsa. É o coração por onde tudo passa, e só depois a coisa é esparramada pelas veias da Europa. É esse pulsar vibrante que inspira intelectuais, escritores, profissionais da moda, arquitetos, historiadores, cineastas, artistas de um modo geral e de todo modo... Paris inspira gente comum, o visitante curioso de primeira viagem, o casal apaixonado em lua-de-mel, o casal desapaixonado tentando uma lua, mais uma vez, quem sabe... Paris inspira gente sã e gente doida. Ela inspira-nos a fazer a coisa certa e a errada com a mesma cara lavada (aliás, certo e errado, gente sã e gente doida em Paris são quase a mesma coisa, mas isso é outra história). Voltemos pra nossa (ins)piração. Paris inspira a andar a pé, a observar por observar; a vestir-se com liberdade e a andar descabelado ou a vestir-se com glamour (e continuar descabelado). Paris inspira a beijar de língua na rua, pouco importa o beijado; a passear na chuva e, inevitavelmente, escorregar e- quase- levar um tombo cinematográfico tem lá seu encanto, estamos em Paris, ora! Paris empurra a gente pra frente e pra cima e ali, na beira do Sena, somos quase imortais, pode apostar! Paris, com seus milhares de Cafés com mesinhas e cadeiras diminutas nas calçadas, inspira-nos a pedir um café bem quente e a esperar esfriar antes de tomar (nem me pergunte por que). Paris debocha das coisas politicamente corretas e ri das outras e, acredite, fumante em Paris é merecedor de respeito. E quem fuma, você sabe, bebe, logo, beber em Paris faz parte do roteiro. E comer, ah comer... Esqueça a neura dos regimes e lambuze-se com os molhos franceses à base de crème fraîche (creme de leite fresco) e outras delícias preparadas com manteiga, muiiiita manteiga! E nem pense em medir a desgraçada da glicose depois de uma visitinha a uma pâtisserie, ou vão te internar de chofre! Entregue-se ao deleite dos jardins parisienses, dos mercados, das feiras de rua... E vai aqui um conselho: coma a baguette de pain, dourada e crocantíssima todo santo dia, até ferir o céu da boca (você vai morrer de saudade quando voltar pra casa). P.S.: Quando voltar de viagem e for desfazer as malas, abra-as bem devagar, feche os olhos, inspire fundo... O cheiro de Paris estará no ar. Eu choro.